sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

PALAVRAS DE UM (QUASE) CADÁVER FRESCO:


Quando meu fim chegar
Quero falecer com estilo
Falecer no melhor estilo “artista popular”
Com os pulmões obscuros
Escarrando sangue

Escreverei algumas cartas
Com meras lembranças
Palavras de fácil compreensão
Confissões inconfessáveis
E algum pedido de desculpa, porque não?

Vertem minhas lagrimas
Somente quando estou sozinha
Compartilho tudo o que quero
Com o meu televisor
Amigos me adoram
Quando estou longe
Todos ligam para mim
Quando tenho o dinheiro que eles necessitam

Se em vida não me valorizam
Não notam sequer minha ausência
Quem sabe se eu bem morrer
Morrer de uma forma marcante
Alguém notara
E terá curiosidade em ler meu atestado de óbito

As pessoas só valorizam alguém
Depois que ela se vai
Qualquer cadáver se torna perfeito
Fica cheio de amigos
São esquecidas as dividas

Aqui neste mesmo lugar
Espero que a doença apodreça meus pulmões
Espero o sangue podre sair pela minha boca
Espero toda a febre virar suor
Espero minhas vistas nada verem
Então a fraqueza aumentara cada vez mais
E eu, tubércula, enfim verei meu fim. 

Alice F.

Nenhum comentário:

Postar um comentário