domingo, 5 de dezembro de 2010

Conversas III

Mais uma parte daquela parada que eu escrevi :P. Ah, hoje eu vou deixar uma frasezinha como explicação: "A literatura é só uma confissão de que a vida não basta." (Fernando Pessoa)
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-  Vi um livro muito curioso hoje! - diz Sophia lembrando do passeio que fizera mais cedo.
- Qual livro, meu anjo ?
- "As leis da selva". É um romance meio erótico, não comprei ele pois estava sem dinheiro, mas pedi ao vendedor que reservasse-o, volto para busca-lo ainda essa semana!
- Caramba, que coincidência um livro nessa vertente e com esse titulo, se bem te conheço, vai ficar presa na leitura como se fosse o primeiro romance que está lendo... Eu adoro coisas eróticas; romances eróticos são geralmente muito completos. - Diz Narciso, de uma forma sorridente.
- Sim, são mesmo. Eu também acho erotismo muito interessante, é algo que chama atenção de muita gente, mas as pessoas tem medo de assumir; eu sou uma garota que não tenho problemas em assumir, não entendo porque tanto receio.
- Não és inocente, e sabe que a sociedade não julga bem, não vê com bons olhos certas atitudes, e a maioria das pessoas procura viver de uma maneira a ser bem vista pela sociedade, as pessoas tem medo de ter má reputação.
-Sim mon chèr, compreendo, mas pense comigo: Conforme o que a sociedade impõe todos temos algo "ruim". O mesmo homem que me julga uma putinha pode ter duas mulheres, ou a mulher que me julga sem escrúpulos pode ter alguma fantasia sexual extraordinaria, e me julgam por eu estar com uma cinta-liga aparecendo. O que muda é onde cada um vai demonstrar o seu "pior".
- Na teoria tudo é simples... Na sua teoria pelo menos - A resposta é dada num tom cliché - Se é tudo tão simples assim, porque não usou sua cinta-liga pra mim essa noite ?? - A conclusão, num tom de cobrança.
- Segundo uma teoria que tu mesmo criou, as coisas devem acontecer gradativamente, lembra ?
- Que merda! minha própria teoria me derrubando... Devo estar ficando louco!
Sophia cita a frase de Lewis Carrol, do livro "Alice através do espelho" quase sussurrando:
- Sim, estas louco, maluco, doido varrido mas há um segredo!
O rapaz faz uma expressão irônica de dúvida para que o momento não perca a emoção, como se ainda não soubesse o fim da citação:
- Qual ?
- As melhores pessoas são assim!
A citação se conclui com belos sorrisos, como sempre. 
- Pra ser sincero contigo, eu tenho minhas dúvidas, não sei se sou uma boa pessoa!
- Acredite Narciso, tu é uma boa pessoa, se tu fosse ruim porque alguém iria gostar de ti? Eu sei que tu é uma boa pessoa, mas também sei que isso não basta. 
- Ninguém gosta de mim, delicia!
- Acabaste de me chamar de ninguém, neném!
- Não foi o que eu disse, eu quis dizer que tu não gosta de mim.
- Então me baseando no que tu quis dizer, eu lhe digo, tenho certeza que ninguém gosta de mim também!
Por segundos os olhares se desviaram, uma atmosfera de solidão começara a desenvolver-se mesmo estando os amantes juntos, deitados, abraçados. Quase que involuntariamente um procura a boca do outro no mesmo instante, beijam-se com a mesma intensidade, na mesma sintonia, abraçam-se fortemente afim de destruir tal atmosfera que tentara se formar.
- Eu gosto muito de você, mesmo que não acredite! - Ambos dizem tal frase juntos, como se houvessem ensaiado.
(...)

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