segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Conversas II

Mais um pouco do livro que eu escrevi e tachei  'romance'. Essa é a 2ª carta que Sophia escreve para Narciso, e a 1ª que ela não manda. Essa parte é mais do começo.


Dessa vez não começo a carta com superlativos!
  Resolvi escrever só porque tive vontade de escrever, nada especial, não precisa responder, até mesmo por que sei que tu não irás nem dar-se ao trabalho de pensar em pegar a merda de uma caneta e uma folha para escrever qualquer mentira e por no correio para o meu endereço (não entenda como uma cobrança, é só uma breve descrição do que já conheço de ti). Esperei por semanas a resposta da carta que te mandei, primeiro pensei que pudesse ter sido atraso no correio, depois pensei que o carteiro, tão velhinho, perdera minha carta, por ultimo pensei que algum fenômeno da natureza (chuva, vento, etc) havia extraviado o tal papel, agora eu sei que o único motivo foi tua preguiça, mas agora tanto faz, perdi a vontade de receber uma carta com sua letra.
  Enquanto não me chamarem a atenção, estou ouvindo Chico Buarque, a aula de história sobre ditadura militar acabara a pouco e agora estou no meio de uma aula chata de português sobre produção literária e cultural do nordeste; não preciso nem dizer que tudo isso contribui para que eu lembre de ti. (PS.: O bem Amado sendo explicado por minha professora mal-amada é no mínimo estressante! rsrs)
  Hoje ainda é terça-feira, o relógio anda lento, muito lento... demora a chegar 12:00 hrs; para o sábado então nem se fala... São mais quatro longos dias, mais quatro 12:00 hrs que demorarão a chegar, alguns livros, inúmeros poemas avulsos e uma espera quase corrosiva, e isso tudo para te ver por no máximo 2 horas, te ver de longe, sem poder tocar-te, sentir-te, beijar-te... Te ver e sorrir em silencio com vontade de te chamar, te ver ao lado da pessoa que mais invejo, que é quem pode tocar-te, sentir-te, beijar-te e muito mais... 

    Sophia pára de escrever, arranca a folha do caderno dobra ao meio e joga dentro da mochila, esta decidida à não mandar, de certa forma, já começara a escrever sem intenção de mandar... A carta era pura cobrança, ela prometera certa vez para si mesma que jamais cobraria algo de Narciso, isso era para proteger-se de seus próprios sentimentos, e também  não gostava e não queria interferir na vida e nas decisões de ninguém, tinha medo que cobranças, por mínimas que fossem, assumissem esse papel.
(...)

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